Yin, yang, medo, coragem e como virar um canibal

por | 21/03/2023 | Artigos

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Vou falar sobre medo, coragem, ação, paralisia, otimismo e pessimismo num webinário que farei  no dia 05/04. Caso queira participar, seria um prazer e uma honra contar com sua presença. Inscrições (gratuitas) aqui: https://powermind.vendamais.com.br/live-coragem/
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“O que você faria se não tivesse medo de que as coisas pudessem dar errado?”

Essa é uma das perguntas mais poderosas que você pode fazer em processos de coaching e mentoria.

Normalmente a resposta é o silêncio, um suspiro, um olhar para o lado e para cima. A pessoa vai buscar lá no fundo uma ideia, um projeto, uma iniciativa, um sonho.

Algo que ela considera ‘louco’, impossível, improvável. E uma temeridade e até irresponsabilidade perseguir ou colocar em prática.

Pois imediatamente a pessoa, depois de falar o que faria se não tivesse medo de dar errado, começa a se justificar e elencar uma lista imensa de desgraças, desastres e calamidades que poderiam acontecer caso ela fizesse aquilo.

Aliás, melhor ainda: não coisas horríveis e desastres que PODERIAM acontecer, mas que CERTAMENTE VÃO acontecer caso ela avance naquilo.

Um bom coach ou mentor vai imediatamente trabalhar isso e redirecionar de maneira produtiva esses medos (que eu chamo de ‘medos preventivos’ – medos tentando lhe prevenir de algo, mas que são chamados para ação e não para paralisia).

Medo, coragem, otimismo, pessimismo, ação, paralisia.

Tenho pensado muito nisso ultimamente.

Escrevi semanas atrás sobre a importância da coragem no dia a dia. Até em Vendas. Na gestão, na empresa, com clientes.

Principalmente no nosso crescimento e desenvolvimento. Sair da zona de conforto, por exemplo, precisa de coragem. Pode notar que, na imensa maioria das vezes, os momentos em que você mais cresceu e se superou foram momentos de DIFICULDADE, totalmente fora da zona de conforto.

A questão nem é se você escolheu esse caminho ou se foi empurrado/a pela vida para ele, mas principalmente como REAGIU a isso. Como reagiu ao desafio, ao chamado: com coragem ou com medo?

De maneira proativa ou totalmente reativa? Pode notar que seus maiores momentos de crescimento, no fundo, foram momentos proativos, em que você FEZ ou FALOU algo. E para fazer ou falar algo num momento difícil desses, precisa de CORAGEM.

Por exemplo: por que as pessoas ficam na zona de acomodação, mesmo sabendo que precisam sair se quiserem ter sucesso e melhorar seus resultados?

Sabe por quê? Porque zona de conforto = zona de segurança = sem medo.

Sair da zona de conforto é entrar na zona de desconforto.

Zona de desconforto = zona de insegurança = medo.

Essa sequência simples explica muita coisa, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Aí você vê todo mundo falando da necessidade de sair da zona de conforto para se adaptar a um mundo novo cheio de mudanças… e ninguém falando da coragem necessária para fazer isso.

Procurando entender melhor a coragem e suas formas, fui estudar também o medo.

Medo, no fundo, é storytelling. Medo é uma voz dentro de você contando uma história. Esse medo e essa história são importantes, pois o medo é sempre um alerta (e precisamos estar atentos aos alertas!).

O mundo foi e sempre será cheio de possíveis perigos. Medo é uma forma de avisar que certas coisas negativas podem acontecer.

Note que PODEM acontecer. Como dizem os budistas, você precisa entender que não é você (o medo) quem fala. Você é QUEM OUVE.

Todo storytelling tem uma pessoa contando uma história e, no mínimo, outra pessoa ouvindo. Uma pessoa falando sozinha com a floresta, contando histórias para passarinhos, não é bem uma storyteller, certo? Talvez num filme da Disney. Na vida real, seria provavelmente uma pessoa bem estranha.

Mas… quando você conta uma história para você mesmo/a, você é a voz que conta e a pessoa que ouve.

E aqui vem o grande ensinamento: você é quem escolhe o que ouve e que peso dá a isso.

Existe uma fábula ou lenda que eu adoro, que conta que numa aldeia antiga todas as semanas um criador de cães de briga colocava dois cães para brigar. (A história é antiga, na época provavelmente isso ainda era permitido)

As pessoas faziam uma roda, viam os dois cachorros e apostavam. Depois de todo mundo apostar, o dono dos cachorros fazia a previsão de quem ele achava que ia ganhar. E SEMPRE ACERTAVA.

Finalmente alguém perguntou: “como você sempre sabe quem vai ganhar?”.

“Fácil”, respondeu ele. “É sempre o que eu alimentei essa semana”.

A prática felizmente não existe mais, realmente uma barbárie, mas a lógica é muito forte e o ensinamento, também.

Ganha o pensamento que você alimenta. É você quem escolhe o que vai alimentar.

Medo, coragem. Otimismo, pessimismo. Ação, paralisia.

Ganha o que você alimentar.

História impressionante para ver como isso pode definir nossas vidas:

Em 1820, o baleeiro Essex (navio de caçar baleias), foi atacado por uma das baleias sendo caçada e, como resultado, começou a afundar.

A tripulação teve que abandonar o barco em 3 botes salva-vidas.

Com o equipamento, suprimentos e mapas que tinham disponíveis, reuniram-se para analisar suas opções, debateram várias delas até chegarem às que pareciam mais viáveis:

  1. A mais lógica seria tentar chegar às Ilhas Marquesas, que eram as mais próximas de onde estavam (quase 2000 kms de distância!). Mas havia rumores de canibais nativos na ilha, o que assustava a tripulação.
  2. A outra opção seria tentar chegar ao Hawaii, mas teriam que passar com seus botes por uma área famosa pelas tempestades.
  3. Terceira opção seria a mais longa e difícil: navegar ao sul e tentar pegar uma correnteza marítima que lhes levaria mais próximo ao continente sul americano. Mas isso demoraria muito e não tinham nem alimentos nem água suficientes. Provavelmente morreriam de fome.

Resumindo, a tripulação estava dividida entre 3 tipos de morte possível:

  1. Por canibais;
  2. Por tempestades;
  3. Por fome e sede.

A história é contada de forma fascinante em dois livros escritos por sobreviventes e depois foi a inspiração para o clássico Moby Dick.

Como termina?

Os tripulantes, aterrorizados (MEDO!) pelos rumores dos canibais nas ilhas mais próximas e com medo das tempestades, decidem pela forma menos provável de terem sucesso. Morre mais de metade da tripulação. Detalhe: os que sobreviveram tiveram que se alimentar da carne dos colegas que morreram. Ou seja, com medo dos canibais imaginários, viraram eles mesmos canibais.

Para piorar: se tivessem escolhido a 1ª opção, mais segura em termos de navegação, teriam na verdade chegado antes ao Tahiti, onde não havia canibais e onde estariam a salvo.

Com medo de uma grande desgraça imaginária, metade da tripulação morreu e a outra virou o que mais temiam.

Tudo por causa do storytelling do medo: uma voz falando sobre um futuro pessimista, alguém ouvindo e alimentando aquele futuro negativo, uma decisão que leva às últimas consequências.

(Comentário do Raul: coisas assim colocam nossa vida numa perspectiva diferente… não dá para reclamar de desconfortos mínimos, como wifi lento, por exemplo, quando existem pessoas passando por coisas muito mais duras agora mesmo ao nosso lado).

Lembre então que medo, na verdade, é uma projeção pessimista de um futuro negativo.

– Se eu fizer “X”, “Y” (algo ruim) vai acontecer.

Coragem é uma projeção otimista de um futuro positivo.

– Se eu fizer “A”, “B” (algo bom) vai acontecer.

Mas a vozinha do medo está lá, falando.

Coragem, então, não é a ausência do medo, mas sim encarar esse medo.

Vejo hoje medo e coragem como yin e yang.

Medo sem coragem é paralisia e ansiedade.

Coragem sem medo é burrice e irresponsabilidade.

Um precisa do outro.

Medo ajuda a coragem com sabedoria e alerta. Coragem ajuda o medo com movimento e ação.

Ganha sempre o que você alimenta.

Alimente a energia e iniciativa da coragem com a sabedoria e alertas do medo.

Yin e yang. Lidamos de maneira proativa com nossos medos e deixamos que ele aconselhe e alerte, mas não que decida. Se não, corremos um risco ainda maior, que é de nos tornarmos justamente o que mais tememos.

“Com medo dos canibais, acabou canibal.” Não é uma boa forma de viver.

A pessoa que tem medo do medo sofre infinitas vezes, pois é um loop que se retroalimenta. Não alimente o medo nem deixe que ele se alimente de você.

Alimentar a coragem é o caminho e a solução. Coragem de ter coragem.

Abraços corajosos,

Raul Candeloro
Diretor

P.S. Vou falar sobre medo, coragem, ação, paralisia, otimismo e pessimismo num webinário que farei nas próximas semanas. Caso queira participar, seria um prazer e uma honra contar com sua presença. Inscrições (gratuitas) aqui: https://powermind.vendamais.com.br/live-coragem/

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